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Publicação de trabalhos sobre os rumos do desenvolvimento no capitalismo contemporâneo
Publicamos hoje o trabalho intitulado "Estratégias de desenvolvimento no capitalismo contemporâneo: uma análise crítica das três frentes de expansão, da economia do projetamento e das experiências comparadas a partir das notas de aula", dividido em duas partes, escrito pelo Prof. Dr. Márcio Rogério Silveira (UFSC).Os trabalhos estão estruturados a partir de notas de aula desenvolvidas para a disciplina de pós-graduação intitulada "Planejamento, desenvolvimento e competitividade territorial: transportes, logística e seus impactos no mundo e no Brasil", ministrada no segundo semestre de 2025 no Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFSC. As duas partes do artigo apresentam uma análise crítica das principais estratégias de desenvolvimento econômico no cenário do capitalismo contemporâneo. O autor integra o pensamento estruturalista latino-americano – com foco nas "três frentes de expansão" de Ricardo Bielschowsky (consumo de massa, recursos naturais e infraestrutura) – às formulações de Ignácio Rangel sobre a "economia do projetamento". O trabalho discute a importância do planejamento estatal e da coordenação de investimentos como motores para superar o neoliberalismo, utilizando especialmente a experiência chinesa e a socialização do investimento como contraponto às teorias convencionais. A análise destaca que o desenvolvimento real exige transformações estruturais deliberadas, inovação tecnológica e o fortalecimento de encadeamentos produtivos sob a liderança do Estado.
Confira os novos números – v. 6, n. 5 e n. 6 – e os demais Textos para Discussão clicando neste link.
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Publicação de artigo – Segregação espacial como produto histórico: o caso de Joinville e Araquari (SC)
SEGREGAÇÃO ESPACIAL COMO PRODUTO HISTÓRICO: O CASO DE JOINVILLE E ARAQUARI (SC)
Autores: German Gregório Monterrosa Ayala Filho e Márcio Rogério Silveira

Resumo: A segregação espacial reflete desigualdades de acesso à habitação, ao consumo e ao transporte urbano, acumuladas historicamente. Nos municípios de Joinville e Araquari, em Santa Catarina, essa segregação se manifesta de forma persistente. O estudo investiga a origem desse processo entre as duas cidades, analisando fatores como rendimentos familiares, infraestrutura habitacional, comercial, de educação, saúde e transporte urbano. A pesquisa utiliza um estudo de caso qualitativo e busca conectar diferentes aspectos sociais e econômicos para compreender a segregação. Conclui-se que o processo de segregação espacial entre Joinville e Araquari começou na década de 1940 e foi se consolidando até 2020. Historicamente, as camadas de alta renda residem nas áreas centrais de Joinville, enquanto as populações de baixa renda se concentram em Araquari e arredores, perpetuando as disparidades espaciais entre esses municípios.
Publicado na Revista da ANPEGE, v. 21, n. 45, p. revista Ciência Geográfica da AGB Seção Local Bauru: Ciência Geográfica, Bauru, v. 29, n. 2, p. 838-866, jan./dez. 2025.
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Pesquisador do LabCit participa de matéria sobre mobilidade urbana e ciclovias em São Luís (MA)
A nova pesquisa de Informações Básicas Municipais do IBGE revelou uma grave deficiência na infraestrutura cicloviária do Maranhão, acentuando a insegurança viária enfrentada pelos ciclistas. O estudo demonstra que apenas 10 municípios do estado possuem ciclovias e somente três contam com bicicletários públicos. Este cenário de escassez é reforçado por relatos de quem depende da bicicleta em São Luís, onde o trânsito é classificado como "muito violento", expondo os usuários a riscos e confirmando que a dependência da bicicleta como meio de locomoção é dificultada pela carência de políticas públicas eficazes em todo o estado.Na capital maranhense, a situação é particularmente crítica. Apesar de possuir algumas ciclovias e ciclofaixas, a cidade não conta com um Plano Diretor Cicloviário, um documento essencial para planejar a expansão organizada da malha. O geógrafo Juan Siqueira, um dos especialistas consultados no vídeo, destacou que a ausência deste plano tem impactos diretos e profundos sobre a mobilidade urbana, comprometendo a integração modal e a equidade no acesso ao espaço urbano, além de revelar a fragilidade institucional da política cicloviária de São Luís. Juan pontuou que a infraestrutura cicloviária existente é escassa e desconexa, pois os trechos implantados não formam uma rede contínua e, em muitos casos, terminam abruptamente em vias de alto fluxo de veículos sem sinalização adequada. Essa fragmentação espacial gera insegurança viária, inviabilizando deslocamentos interbairros e restringindo o uso da bicicleta a percursos muito curtos. A conclusão geral dos especialistas é que a mobilidade urbana só será completa e equitativa com investimentos urgentes em infraestrutura adequada para os ciclistas.
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Para além dos números: interpretando os dados do Censo Demográfico de 2022 sobre mobilidade urbana em Manaus
Por Cristiano da Silva Paiva
Doutorando em Geografia, UFSCA mobilidade urbana em Manaus, conforme os dados do IBGE de 2022, revela padrões complexos de desigualdade e segregação no acesso ao transporte público. A pesquisa do IBGE aponta para uma clara divisão racial nos modos de transporte utilizados, o que reflete a exclusão socioeconômica de grupos específicos. Por exemplo, enquanto 41,3% da população branca utiliza automóveis, apenas 32% dependem de ônibus, destacando o maior acesso da população branca ao transporte individual. Em contraste, 42,4% dos negros e 42,5% dos pardos dependem do transporte coletivo, com uma menor porcentagem utilizando automóveis (22,5% e 25,4%, respectivamente).

A comparação entre os dados do PlanMob 2015 e da pesquisa do IBGE 2022 revela transformações significativas no padrão de mobilidade urbana em Manaus. Em 2015, a distribuição modal apresentava uma configuração mais equilibrada entre as três principais categorias: transporte coletivo (39,5%), modos motorizados individuais (30,5%) e modos não motorizados (30%). Esta divisão praticamente equitativa entre individuais motorizados e não motorizados indicava uma cidade com expressiva participação de deslocamentos ativos. -
O que apontam os dados do Censo Demográfico de 2022 sobre a mobilidade urbana e regional no estado de Santa Catarina?
Por João Henrique Zoehler Lemos
Doutorando em Geografia, UFSC
Bolsista do UNIEDU/FUMDESO IBGE divulgou, recentemente, mais um resultado preliminar do Censo Demográfico 2022, dessa vez sobre os “Deslocamentos para trabalho e para estudo”. É uma radiografia da mobilidade urbana e regional a nível nacional. Iniciativa de grande valia para nós, estudiosos da circulação, transportes e logística em contextos tão diversos como os que temos no território brasileiro. O levantamento traz recortes importantes, como a divisão modal – algo inédito, pela primeira vez no Censo –, o tradicional tempo de deslocamento, o local de exercício do trabalho, entre outros [1]. Diante desses dados, estas breves notas terão como recorte territorial para análise o estado de Santa Catarina.
Um dado chama a atenção de antemão: no estado catarinense, o império do automóvel é gritante e atinge a maior proporção do país, com pouco mais de 47% de participação na matriz modal dos deslocamentos entre casa e trabalho em geral – considerando-se o mesmo município, outro município e outro país como local de trabalho (figura 1).
Figura 1 – Santa Catarina: matriz modal do meio de transporte utilizado, em % (2022)
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2022 (IBGE, 2025a).




