Laboratório de Estudos sobre Circulação, Transporte e Logística
  • Chamada para dossiê – Circulação, transportes e logística: escalas e temas

    Publicado em 10/07/2024 às 12:30

    FORMULÁRIO DE SUBMISSÃO

    Na realidade brasileira, chegamos à terceira década do século XXI com uma miríade de desafios postos à comunidade de intelectuais que discutem a dinâmica socioespacial do território nacional. Diante do verdadeiro mosaico de realidades urbano-regionais que compõem a concretude da formação socioespacial nacional, são várias as problemáticas que merecem um aprofundado debate teórico e temático. O tema do desenvolvimento regional – sem, obviamente, ter a escala nacional perdida de vista – é um dos assuntos que, apesar de relegado ao ostracismo nos últimos anos, carece de revisitas em meio à captura do Estado nacional por políticas neoliberais que reproduzem no país os desejos do imperialismo, pondo em xeque a sua soberania e os avanços sociais e técnicos avistados no país durante o primeiro decênio deste século.

    Os estudos geográficos sobre circulação, transportes e logística compõem o interesse de nossa disciplina desde os clássicos. Basta recuperarmos as contribuições pioneiras de P. Vidal de La Blache, F. Ratzel, A. Hettner, C. Vallaux, J. Brunhes, M. Derruau, R. Hartshorne, E. Ullman, M. Wolkowitsch etc., bem como M. Silva, M. do Carmo Galvão, Golbery do Couto e Silva, M. Travassos etc. E nesse âmbito, a elucidação da dinâmica social envolve o amplo tema da circulação e dos transportes, preocupações variavelmente manifestadas nos referidos autores. Isso porque o ato de transportar, enquanto aspecto articulado às esferas da produção, envolve transformar, trabalhar sobre o meio herdado das gerações precedentes, criar o novo. Logo, enquanto tema de amplo interesse de nossa disciplina, em razão de ser um ato transformador na superfície terrestre, os transportes demandam uma análise de horizonte também totalizador, abrangente, tal como a economia política articulada à proposta de uma ciência geográfica renovada oferece.

    A Geografia é uma disciplina fundamental para o planejamento territorial, este enquanto fator-chave ao desenvolvimento urbano e regional. A acessibilidade aos centros urbanos, a centros de produção, portos, aeroportos, terminais de transporte etc. é essencial para atrair investimentos e fomentar o crescimento econômico. Uma infraestrutura de transporte eficaz, como rodovias, ferrovias e portos, pode abrir novas oportunidades para regiões remotas, reduzindo desigualdades econômicas. Para os grupos econômicos industriais e comerciais, a eficiência na distribuição de produtos e insumos é crucial. Isso contribui para a competitividade, permitindo a circulação rápida e econômica de bens, elemento importante em cadeias produtivas, onde a localização estratégica e o acesso aos principais modos de transporte podem fazer a diferença. Nessa perspectiva, a adoção de estratégias logísticas eficazes depende da compreensão da circulação, dos transportes e da logística, a qual contribui para constantes reorganizações territoriais. No contexto da mobilidade urbana, o planejamento de sistemas de transporte público eficazes, a gestão do tráfego e o acesso a soluções de mobilidade estão todos interligados com a configuração das redes de transporte em áreas urbanas. A falta de planejamento adequado pode resultar em diversos impactos para a sociedade. Os sistemas de transporte, sejam eles nos diferentes modais, isto é, rodoviário, ferroviário, marítimo ou aéreo, têm um impacto direto no transporte de cargas e pessoas. A infraestrutura de transporte e a capacidade instalada de integração do território influenciam a capacidade de movimentação de mercadorias e o acesso das pessoas a empregos, educação e serviços. Isso, por sua vez, tem implicações para as condições de desenvolvimento econômico e social, ao acesso às oportunidades e, enfim, à qualidade de vida.

    Convidamos então pesquisadores, professores e profissionais, ligados a estudos e pesquisas sobre a circulação, os transportes e a logística, da Geografia e outras disciplinas, a contribuir com seus trabalhos para o nosso dossiê temático. Este dossiê visa explorar revisões teóricas e temáticas, estudos de caso, questões críticas e atuais, temas inovadores e outros, todos relacionados ao movimento de pessoas, mercadorias e informações no contexto atual.

    Abaixo, temos alguns dos temas e tópicos de interesse para o dossiê.

    Tópicos de interesse incluem:
    Competitividade territorial e estratégias logísticas
    Transporte de cargas (aéreo, rodoviário, ferroviário, hidroviário)
    Transportes de pessoas (aéreo, rodoviário, ferroviário, hidroviário)
    Mobilidade e acessibilidade em espaços urbanos e regionais
    Infraestruturas de transportes
    Planejamento, estratégias e gestão de transportes
    Geopolítica e geoeconomia dos transportes
    Sistemas de armazenamento e localização geográfica (Eads, portos secos, centros de distribuição e outros)
    Inovações em transportes, logística e armazenamento
    Normatizações e tributações nos setores de transportes, armazenamento e logística e seus impactos territoriais
    Transportes, armazenamento e logística do setor mineral e agroindustrial
    Transportes, armazenamento e logística internacional
    Transportes, armazenamento e logística dos marketplaces

    A chamada contempla artigos escritos em PORTUGUÊS, ESPANHOL, INGLÊS ou FRANCÊS

    Estas são as principais datas:

    Datas importantes
    Prazo para Submissões: até 15 de novembro de 2024
    Avaliação do comitê científico: até 30 de novembro de 2024
    Prazo para revisão e submissão da versão final: a definir
    Publicação prevista para os meses de dezembro de 2024/janeiro de 2025

    TEMPLATE PARA SUBMISSÃO (CLIQUE PARA BAIXAR)

    FORMULÁRIO DE SUBMISSÃO

    E-mail para contato:


  • Notas sobre a política neoliberal no Paraná

    Publicado em 06/07/2024 às 12:00

    Por prof. Dr. Nelson Fernandes Felipe Junior
    Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
    Docente do curso de Geografia (Licenciatura e Bacharelado) e do Programa de Pós-Graduação em Integração Contemporânea da América Latina (PPGICAL)

    A classe trabalhadora do estado do Paraná vem sofrendo nos últimos anos com o governo de Ratinho Júnior, em decorrência da política neoliberal e dos ataques e prejuízos por parte dos funcionários públicos, especialmente os professores. Considerando o momento adverso, este texto tem como objetivo apresentar dois fatos relevantes que evidenciam esse contexto, quais sejam: a transferência da Copel ao capital privado e a concessão de escolas públicas.

    O caso da Copel

    Ratinho Júnior no leilão da Copel Telecom, em 2020 (foto: Rodrigo Félix /AEN; fonte: Brasil de Fato).

    O início da desestatização da Companhia Paranaense de Energia (Copel) ocorreu em novembro de 2020, quando o grupo paulista Bordeaux Fundo de Investimento e Participações Multiestratégia adquiriu a Copel Telecom – empresa responsável pelo setor de telecomunicações da estatal paranaense – em leilão realizado na B3 (a Bolsa de Valores de São Paulo). O mesmo Fundo de Investimento tinha adquirido, em 2020, o controle da Sercomtel Telecomunicações – empresa que tinha como principais acionistas a Prefeitura de Londrina (55%) e a Copel (45%) (COPEL, 2020).

    Apesar de grande parte da mídia, dos partidos políticos e dos segmentos burgueses apoiarem a decisão do governo estadual, a transferência da Copel Telecom ao capital privado representa um equívoco do ponto de vista do desenvolvimento econômico e social, e elucida a política neoliberal do atual governo do Paraná. Com esse processo de simples transferência do patrimônio público ao capital privado, a Copel Telecom tem como premissa focar os investimentos em localidades que sejam mais lucrativas à empresa, desfavorecendo, portanto, os grupos de menor renda e as regiões e/ou cidades que possuem um reduzido mercado consumidor de internet.

    A Copel Telecom era uma empresa dinâmica e lucrativa e, segundo diversos especialistas, realizava um dos melhores serviços de internet do país (totalmente em fibra óptica), sendo importante para a economia e a sociedade paranaense, especialmente considerando a tecnologia 5G. Além disso, a própria Companhia Paranaense de Energia utilizava-se dos serviços e da infraestrutura da Copel Telecom para realizar as operações no sistema elétrico no estado do Paraná.

    Continue a leitura » »


  • Artigo sobre o setor portuário da região Nordeste do Brasil

    Publicado em 19/06/2024 às 08:00

    Publicação do trabalho intitulado "O setor portuário da região Nordeste: algumas considerações sobre a sua dinâmica recente" escrito por Nelson Fernandes Felipe Junior (UNILA) e Ronald dos Santos Pereira (UFS).
    Resumo: O presente artigo tem como objetivo principal analisar a dinâmica recente do setor portuário da região Nordeste, com destaque aos fluxos de cargas e às modernizações. Os complexos portuários são relevantes para a atividade produtiva, estimulam os serviços e o comércio e suprem parte das demandas econômicas e sociais internas e externas. Entretanto, o setor portuário nordestino apresenta pontos de estrangulamento e necessita de uma modernização mais ampla. O fomento dos portos, dos terminais privados e do transporte marítimo depende do planejamento estatal setorial, dos investimentos públicos e privados, da incorporação tecnológica, das estratégias logísticas, de um sistema normativo e tributário adequado, entre outros. No Nordeste há uma concentração dos fluxos e das modernizações em alguns complexos portuários, como Suape/PE, Pecém/CE, Fortaleza/CE, Itaqui/MA, Ponta da Madeira/MA, Salvador/BA e Aratu/BA, contudo, outros portos e terminais apresentam limitações e um volume de movimentação de cargas reduzido. Em relação aos procedimentos metodológicos adotados na pesquisa e na elaboração do artigo, têm-se: a revisão da bibliografia referente à Geografia Econômica, com proeminência aos portos e ao transporte marítimo; a aquisição de dados e informações em sites, revistas e jornais que tratam da temática; e a elaboração de tabelas e cartogramas.
    Confira o novo número – v. 5, n. 5 – e os demais Textos para Discussão clicando neste link.


  • Grupo de estudos promove 3º ciclo de palestras sobre transportes e infraestrutura

    Publicado em 27/05/2024 às 12:00

    Link para a transmissão do primeiro dia (03/06): clique aqui

    Link para a transmissão do segundo dia (04/06): clique aqui


  • Publicação de trabalho sobre a renovação urbana no centro de Florianópolis e outros processos espaciais

    Publicado em 20/05/2024 às 09:19

    Publicação do trabalho intitulado "Transformações no centro de Florianópolis: investimentos, renovações urbanas e gentrificação" escrito por German Gregório Monterrosa Ayala Filho e Luciana de Mello Battini.

    Resumo: As áreas centrais das cidades são frequentemente foco de investimentos e projetos de renovações urbanas, que podem desencadear uma multiplicidade de disputas. A partir disso, processos de gentrificação podem emergir como uma força transformadora, capaz de reconfigurar os centros urbanos, expulsando antigos residentes e comerciantes para dar lugar a: elites econômicas ávidas por espaços renovados; promoção de atividades turísticas; elitização do comércio e; ampliação dos lucros do mercado imobiliário. Nesse contexto, nosso objetivo é mapear e analisar alguns processos espaciais que moldaram o Centro de Florianópolis ao longo das últimas duas décadas, destacando as implicações dessas mudanças. Para isso, adotamos uma metodologia que combina análise documental e trabalho de campo. Os investimentos analisados foram: a renovação da Rua Vidal Ramos, o projeto Viva a Cidade, a renovação do Mercado Público e projetos propostos para a porção Centro-Leste. Concluímos que os recentes investimentos da Prefeitura de Florianópolis estão reconfigurando a composição social do Centro da cidade, contribuindo para processos de higienização social, elitização e gentrificação em Florianópolis. Essas transformações apontam para uma dinâmica que, embora possa incentivar comércio e turismo, também acentua opressões e desigualdades de acesso à cidade.

    Confira o novo número – v. 5, n. 4 – e os demais Textos para Discussão clicando neste link.