A dinâmica atual do comércio exterior de Sergipe
No ano de 2015, houve um saldo positivo (superávit) das transações comerciais do Brasil com outros países, totalizando 19,6 bilhões de dólares, sendo o maior valor desde 2011 (29,7 bilhões de dólares).
Com a queda da atividade econômica e a desvalorização cambial, as importações reduziram 24,3% em 2015. Entre janeiro e julho de 2016, as exportações brasileiras superaram as importações, resultando em um superávit da balança comercial de 28,2 bilhões de dólares (SECEX, 2016). O arrefecimento da demanda interna é resultante, sobretudo, da diminuição dos investimentos públicos e privados e da elevação do desemprego.
A balança comercial do estado de Sergipe, em 2015, apresentou um déficit de 118,2 milhões de dólares, com 95,6 milhões de dólares em exportações e 213,8 milhões em importações. Em junho de 2016, a balança comercial sergipana apresentou um superávit de 590 mil dólares, com crescimento de 65,3% das exportações comparadas ao mês anterior, e retração das importações em 56,3%.
No acumulado de 2016 (entre janeiro e julho), as exportações totalizaram 48,1 milhões de dólares, aumentando 19,8% em relação ao mesmo período de 2015. Já as importações atingiram 80,5 milhões de dólares, o que representa uma queda de 43,3% em comparação ao mesmo período do ano passado. Dessa maneira, o saldo acumulado da balança comercial sergipana continua deficitário em 32,4 milhões de dólares no corrente ano.
Entre janeiro e julho de 2016, as principais vendas externas foram de sucos concentrados, produtos de alumínio, calçados e óleos vegetais, com destinos, sobretudo, à Europa e América do Sul (principalmente Holanda e Colômbia). Essas mercadorias compõem 70% da pauta exportadora do estado. No que tange às importações sergipanas, destacam-se: amônio e derivados, trigo e coque de petróleo (em conjunto responderam por 39% do total), comprados principalmente dos Estados Unidos, Argentina, Rússia, China e Marrocos (responderam por 60% do total importado por Sergipe) (SECEX; SEPLAG, 2016).
A dinâmica atual do comércio exterior sergipano elucida um contexto de recessão interna e externa, com redução significativa das importações especialmente nos meses de maio, junho e julho de 2016. A desaceleração da economia do estado reflete a queda na geração de empregos e renda, além do impacto negativo na demanda do setor terciário (principalmente no comércio atacadista e varejista).
No primeiro trimestre de 2016, a taxa de desemprego em Sergipe foi de 11,2%, aumentando em 2,6 pontos percentuais em comparação aos três primeiros meses de 2015. Comparando com os demais estados do Nordeste, a taxa registrada em Sergipe foi a quinta maior, ou seja, apresentou um desemprego menor apenas em comparação à Bahia (15,5%), Rio Grande do Norte (14,3%), Pernambuco (13,3%) e Alagoas (12,8%).
O crescimento das exportações sergipanas é resultado, sobretudo, da desvalorização do real frente ao dólar e ao euro, tornando os produtos brasileiros “mais baratos” no exterior. Diante do enfraquecimento da demanda interna, algumas indústrias em Sergipe estão adotando novas estratégias, ou seja, voltando-se mais ao mercado externo em detrimento do doméstico, caso, por exemplo, dos segmentos têxtil e calçadista.
Sergipe possui um setor portuário com reduzida modernização, eficiência e competitividade, gerando reflexos negativos na economia. Muitas exportações e importações são realizadas por portos de outros estados do Nordeste (Salvador/BA e Suape/PE, principalmente), além dos produtos industrializados oriundos, sobretudo, da Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul que atendem a demanda sergipana (escoados pelo modal rodoviário).
Como afirma Rangel (1963), o comércio exterior é imprescindível para o desenvolvimento econômico, com reflexos na produção e na demanda regional e nacional. Segundo Keynes (1982) e Rangel (1987), a insuficiência de demanda efetiva prejudica o emprego e a renda, assim, o planejamento estatal possui dupla função: a) realizar inversões em setores antiociosos (infraestruturas portuárias, por exemplo); b) estimular os investimentos privados em áreas que demandam maiores recursos.
Duas estratégias estatais são relevantes para mitigação dos impactos negativos dos momentos de recessão econômica, quais sejam: os investimentos em infraestruturas e a redução da taxa de juros. Tais medidas estimulam a geração de empregos e renda, o consumo (bens duráveis e não duráveis), geram demanda na indústria, fomentam os investimentos produtivos etc. Por conseguinte, potencializam-se as redes e os fluxos marítimos (cabotagem e longo curso).
Não obstante, o atual cenário brasileiro elucida o fortalecimento da política neoliberal, bem como um ajuste fiscal pautado na redução de gastos/inversões estatais, prejudicando a retomada do crescimento econômico e restringindo a distribuição de renda no país. A política econômica “financeirista” limita a reativação da demanda efetiva e o efeito multiplicador interno, agravando a desigualdade social e regional no Brasil.
Por fim, cabe destacar que alguns reflexos positivos nas exportações brasileiras e sergipanas já são observados, sendo resultado dos acordos comerciais estabelecidos principalmente no governo Dilma Rousseff, como as vendas de aviões para os Estados Unidos e Oriente Médio, exportações de veículos e bens manufaturados para o Mercosul e o México, maior inserção dos sucos de frutas brasileiros no mercado da União Europeia, entre outros.
Nelson Fernandes Felipe Júnior
Docente da Universidade Federal de Sergipe
Núcleo de Estudos sobre Transportes (NETRANS)




exportações nacionais. Por conseguinte, mesmo apresentando quedas nos anos consecutivos, o Estado continuou responsável por 3,5% das exportações brasileiras, isto é, aproximadamente US$ 9.051 bilhões no ano de 2011, número equiparável ao total exportado por países como: Uruguai, Zâmbia, Sudão, Republica Dominicana e superior ao total exportado pela Bolívia, entre outros diversos países para o mesmo ano.



