Transporte público coletivo e mobilidade urbana na Região Metropolitana da Grande Florianópolis

20/06/2016 11:23

A Região Metropolitana de Florianópolis possui aspectos derivados de sua Formação Sócio-Espacial que dificultam o planejamento e a execução de planejamentos em transportes. Dificulta também as interações espaciais e, portanto, os saltos dialéticos no sentido do desenvolvimento. A própria escolha do assentamento principal da colonização portuguesa, que inicia no lado oeste da Ilha de Santa Catarina, na porção mais próxima do continente é um ponto fundamental, derivado deum planejamento colonial que buscava a adaptação das edificações ao relevo acidentado, preocupando-se fundamentalmente com a defesa territorial. Posteriormente (1748-1756), a tradição açoriana de partilha dos lotes levou à formação de servidões. Esta consistiuna herança de parte das terras, para cada filho que se casava e constituía uma nova família, donde a grande fragmentação dos lotes exigia a abertura de caminhos que conferissem acesso às estradas principais, formando caminhos (“servidões”) estreitos e longos, que chegam a 4 quilômetros de comprimento, ineptos às atuais necessidades de mobilidades.

Estas formas presentes no espaço urbano da região pouco se modificaram com o passar do tempo, pela pouca intervenção histórica do Estado no sentido da máxima eficácia da mobilidade terrestre. Em parte em função disso, os transportes públicos são severamente afetados pelos congestionamentos, pela carência de acessos e, pela dispersão urbana nas pontas das servidões, as quais quase sempre exigem aproveitamentos de linha que reduzem a eficácia do serviço de transporte por ônibus. Na parte insular da capital – a Ilha de Santa Catarina – então, desenvolveram-se instalações públicas de diferentes autarquias do estado e da União (desde 1950), fomentando outros investimentos, intensificando o comércio e os serviços e assim, gerando um polo de atração de mobilidade insular, destino preferencial de fluxos dos arrabaldes insulares e continentais. É neste contexto que principiam os serviços de transporte público por ônibus, desde a construção da Ponte Hercílio Luz (1920).

Todo este contexto repercutiu no desenvolvimento urbano da ilha e da área continental da Região, também influenciada por um quadro natural singular, onde, além da condição insular – que exige necessariamente uma infraestrutura de ligação – apresenta um quadro natural muito peculiar. Por exemplo, há a ocorrência de maciços que se interpõem entre os assentamentos, como é o caso do morro da Cruz, entre distritos populosos como Trindade, Itacorubi e Centro. Ou o morro da Costa da Lagoa, que juntamente com uma formação lacustre de 12 quilômetros de extensão (a Lagoa da Conceição) dificulta o acesso rodoviário entre oeste e leste da ilha. Os manguezais, como o Manguezal do Itacorubi, que segrega a área central do único acesso pela rodovia SC-401, para o populoso norte da ilha, etc. O próprio alargamento das rodovias de ligação dos balneários é dificultado por estas formações adjacentes. Como é evidente, esta diversidade de formações naturais e formas-conteúdo socialmente construídas, exigem soluções mistas em termos de mobilidade, mas o principal obstáculo aqui é a estrutura institucional, que inclui ferramentas legais, financeiras e um corpo técnico de funcionários capaz de operar com esta complexidade territorial. As interações institucionais entre estado, municípios e União também são fundamentais e explicam muito das dificuldades vividas atualmente na Região Metropolitana de Florianópolis (RMF). Por exemplo, na RMF as frotas de automóveis cresceram significativamente, como resultado de medidas anticíclicas adotadas desde o Governo Lula da Silva (2003-2010). Somente em Florianópolis essa frota cresceu 80,7% e em Palhoça, 210% entre 2002 e 2014, mas nas cidades catarinenses e na RMF, não foram acompanhadas em mesmo ritmo, da reorganização do espaço urbano com reforço do transporte público. A produção de imóveis, também estimulada pelo Estado, expandiu a mancha urbana da região a taxas altíssimas, desconsiderando a necessidade de acesso adequado aos centros urbanos, gerando inclusive processos de expulsão das baixas rendas para periferias ainda mais distantes. As dificuldades de geração de densidades urbanas e usos de solo mistos, ao longo corredores estruturantes de transporte público na região refletem, entre outros entraves, as dificuldadesinerentes às características conservadoras – patrimonialistas e clientelistas – da Formação Social brasileira, donde se favorecem os capitais imobiliários que atuam na região (sem que suas ações sejam orientadas) em detrimento da necessidade de uma integração metropolitana do planejamento.

Resultam deste contexto, intensos deslocamentos cotidianos pendulares entre a área continental da RMF, onde predomina a função moradia e, a parte insular de Florianópolis, que ainda centraliza os destinos. Estes deslocamentos são efetuados em média, em 57,8 minutos por transporte público e, em 28 minutos por automóvel, exibindo a baixa competitividade do transporte público, em que pese à necessidade deste serviço, de atrair usuários de automóveis para redução dos congestionamentos. Apesar dos aumentos de custos operacionais conduzidos por este cenário, os capitais de transporte mais dinâmicos imprimem estratégias logísticas, mas também extra-econômicas, as quais não necessariamente resultam em eficácia para o usuário. Estas, no entanto, garantem a continuidade destes capitais (eficiência econômica) apesar do ambiente ineficaz em que operam e, em especial, dos commutings (continente-ilha) e entre núcleos distantes da ilha (norte-centro e sul-centro).

Vale ressaltar que este padrão de deslocamentos foi condicionado pela estruturação da região, baseada na urbanização ao longo de eixos rodoviários, que passaram a funcionar como avenidas urbanas. Não há, no entanto, uma governança integrada destas infraestruturas, em função do que, ainda são operadas como rodovias, isto é, sem infraestruturas específicas para transportes públicos. Estes problemas são muito presentes no norte da Ilha, em São José e em Biguaçu, cujo viário preexistente é baseado em servidões, seguido de uma expansão urbana recente desordenada e sem alternativas viárias de acesso adequadas, aos novos loteamentos. A urbanização dispersa já se encontra no extremo sul do município de Palhoça, aonde as frequências de transporte coletivo chegam a intervalos de até 4 horas, com o agravante de que aproximadamente 40% dos usuários do transporte público são commuters, os quais, em horários de pico, levam cerca de 3 horas diariamente para o centro de Florianópolis, devido aos congestionamentos. Em suma, as contradições entre a organização espacial e os sistemas de transportes públicos na RMF resultamde fragilidades institucionais na escala metropolitana, as quais dificultam uma ação mais efetiva sobre estes problemas. São determinadas também, pela ausência de uma política nacional e estadual de subsídios públicos; de estímulo ao emprego de outras tecnologias de transportes integradas; de contratos de concessão ineficazes e pouco adaptados às diferentes demandas espaciais e; licitações pouco atraentes para que novos capitais atuem no setor e em particular, na RMF. Assim, resulta que, em geral, o serviço de transporte tem sido produzido pelos mesmos agentes que o fizeram desde seu início, com pouco estímulo à inovação e em prejuízo do usuário.

Rodrigo Giraldi Cocco

Doutor em Geografia

Departamento de Geociências

Universidade Federal de Santa Catarina

Infraestrutura de transporte e comércio exterior de Santa Catarina

20/06/2016 10:45
O Estado de Santa Catarina apresentou para o período de 2010 a 2011 um crescimento acumulado nas exportações de 333,67%. Nesse período, foi no ano de 2004, que o estado apresentou seu melhor desempenho concentrando 5% das exportações nacionais. Por conseguinte, mesmo apresentando quedas nos anos consecutivos, o Estado continuou responsável por 3,5% das exportações brasileiras, isto é, aproximadamente US$ 9.051 bilhões no ano de 2011, número equiparável ao total exportado por países como: Uruguai, Zâmbia, Sudão, Republica Dominicana e superior ao total exportado pela Bolívia, entre outros diversos países para o mesmo ano.
Ora, essa conjuntura de expansão contínua das relações comerciais, traduz-se na ampliação/aceleração dos fluxos de mercadorias e informação em circulação em escala mundial. Nesse intento, propomos avaliar como o arrefecimento da inserção do país e especialmente do estado de Santa Catarina no comércio mundial acarretou na ampliação dos fluxos de mercadorias originados em determinados municípios, nos quais se localizam grandes empresas exportadoras. Para tanto, a premissa admitida é que as grandes corporações exportadoras passam a exigir do poder público a otimização da Logística do Estado (planejamento das infraestruturas de comunicação, transporte e armazenamento) pautadas na defesa do interesse regional.
Nesse sentido, conforme o Plano Catarinense de Desenvolvimento (PCD), documento elaborado em resposta a Lei Complementar 284 de 28 de fevereiro de 2005, que estabeleceu um conjunto de diretrizes que visa organizar a ação governamental, as políticas destinadas ao setor de transportes objetivam “Potencializar os sistemas logísticos de Santa Catarina de modo a aumentar a capacidade de movimentação de cargas e consolidar o estado como centro integrador da plataforma logística do Sul do país para os mercados nacional e internacional.”
Surpreendentemente, a dependência do modal rodoviário não foi considerada uma dificuldade para grande parcela das empresas exportadoras. Segundo pesquisa realizada por Rocha, Vidal e Guterres (2011), visando identificar os principais problemas das grandes empresas exportadoras com as infraestrutura de transporte, ao aplicar questionários em 19 importantes empresas constatou-se, que o sucateamento e intenso tráfego nas rodovias não são considerados os maiores entraves. Por outro lado, destacaram-se enquanto importantes obstáculos a excessiva burocracia dos organismos responsáveis pelos trâmites para exportação e a necessidade de modernização dos portos.
Esse resultado não surpreende ao considerarmos que no projeto “Master Plan de Santa Catarina”, mais especificamente no documento “Projetos Estruturantes da Infra-Estrutura Logística de Santa Catarina” para o ano de 2005 o estudo demonstrou que o modal rodoviário foi apontado como o meio de transporte ideal para cargas geradas no próprio Estado (ou em estados vizinhos) com destino aos principais portos catarinenses.
Tal premissa justifica-se conforme o estudo citado devido aspequenas dimensões territoriais do Estado, que resultam em fretes que percorrem uma distância média de 350 quilômetros situação em que o modal rodoviário é competitivo, fato que reduz a competitividade do modal ferroviário, que se torna mais viável para cargas que percorram entre 500 a 1000 km. Desta maneira, conforme o planejamento do estado de catarinense a demanda por transporte de carga será, basicamente atendida por rodovias.
O estado catarinense possui uma malha rodoviária com aproximadamente 8.624 km. Desse total, 74% (6.384 km) das rodovias são de responsabilidade do governo do Estado. Já sobre jurisdição do governo federal encontram-se somente 26% (2.240 km) da mesma, composta por quatro grandes rodovias transversais, que canalizam grande parcela dos fluxos provenientes do oeste catarinense, e cinco rodovias longitudinais que permitem acesso imediato aos estados vizinhos.
A distribuição espacial dessa infraestrutura rodoviária permite uma boa acessibilidade territorial, uma vez que as mesmas abarcam quase a totalidade das regiões do estado. Desta maneira, exceto algumas regiões do norte do estado, no sul de Lages e na Serra de Chapecó (divisa com Estado do Paraná), não apresentam acesso a uma rodovia da malha principal em um raio de 10 km.
Desta maneira, a maior parcela da produção do oeste catarinense com destino ao mercado nacional e internacional, enquanto a ferrovia do Frango não sai do papel, ocorrem essencialmente pelas rodovias longitudinais (oeste-leste), importantes rotas para o escoamento de mercadorias. A saber: a BR-280 entre a BR-470, que em determinados trechos apresenta um Volume Diário Médio de veículos (VDM) de tráfego variando entre 12.000 e 11.000 veículos, seguida pela BR-282 com VDM superior a 4.500 veículos, e a BR-285, que tem seu início no estado e sua maior extensão no Rio Grande do Sul (SANTA CATARINA, 2008).
Esses fluxos de mercadorias originados no Oeste Catarinense, em sua maioria convergem na porção litorânea do estado, momento em que os fluxos adentram a rodovia latitudinal (norte-sul) BR-101, a fim de acessar o mercado doméstico e mercados externo, extrarregionais, por meio dos portos catarinenses e intrarregionais cruzando o estado vizinho, Rio Grande do Sul, para consecutivamente acessar o mercado argentino, uruguaio, chileno entre outros.
A BR-10 perpassa uma área litorânea de ocupação mais antiga, em que a rodovia favoreceu o desenvolvimento de importantes núcleos urbanos nas suas proximidades e no entorno da via. Desta maneira, com o desenvolvimento das cidades, nos últimos anos a região passou a concentrar 76,73% da frota de veículos do estado, implicando em alguns trechos em elevado fluxo de veículos leves, resultantes de deslocamentos inter/intra urbanos, pendulares e regionais, que decorrem em um elevado VDM de aproximadamente 33.000 veículos na porção norte da rodovia e 18.000 veículos na porção sul.
Nesse sentido, destaca-se o caso da Região Metropolitana de Florianópolis, composta por cidades conurbadas, em que parcelas da malha urbana desenvolveram-se no entorno da BR-101 e canaliza diariamente um intenso fluxo (pendular) de veículos. Caso interessante em que a “rodovia” é utilizada para mobilidade cotidiana da população adquirindo a função de “via urbana”, uma vez que os picos de tráfego que ocorrem em determinados períodos do dia impossibilitam aos veículos que transitam pela mesma, desenvolverem as velocidades máximas permitidas à rodovia de 110 km/h em trechos duplicados para veículos de pequeno porte e 90 km/h para veículos maiores.
Logo, constata-se uma situação contraditória, pois as diretrizes estabelecidas pelo Plano Catarinense de Desenvolvimento (PCD) ao setor de transporte contrapõem-se a outros objetivos mais gerais, como a ampliação da atratividade do Oeste Catarinense, a fim de reduzir o êxodo rural e o processo de litoralização da população e da atividade econômica, uma vez que os fluxos com origem no Oeste catarinense com destino a mercado intra/extra regionais continuarão a ser centralizados na porção litorânea do estado. Portanto, ainda que o direcionamento de investimentos para as rodovias a curto e médio prazo sejam estratégicos, deve-se considerar que a diversificação da matriz de transporte a médio e longo prazo será imprescindível para manutenção da fluidez territorial e as aspirações do estado em consolidar-se, enquanto importante plataforma de exportação e importação do país.
Vitor Hélio Pereira de Souza
Doutorando em Geografia
Departamento de Geociências
Universidade Federal de Santa Catarina

O sepultamento da democracia brasileira

10/05/2016 10:29
O atual cenário político brasileiro nos remete à ideia de “sepultamento” da democracia, conduzido por uma elite espúria e rentista. O processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff não é um fato (ou fardo) isolado, ou seja, a retomada da direita conservadora na América Latina elucida um novo contexto regional. São os casos do antinacionalista Mauricio Macri, na Argentina, o golpe no Brasil, a maioria conservadora no legislativo da Venezuela, a provável intensificação da política neoliberal no Peru e outros.
 
A derrota da democracia gera reflexos negativos na economia, na sociedade e nos diversos avanços conquistados desde o governo Lula, reduzindo a miséria, a pobreza e a desigualdade social e inter-regional, características inerentes ao Brasil. Um golpe no Brasil é também um golpe no Mercado Comum do Sul (Mercosul) e na América Latina, pois o país possui relevância e liderança no contexto regional (territorial, econômico, político, financeiro, tecnológico etc.). O que está em questão não é apenas a democracia, mas também a perda da soberania nacional e o enfraquecimento das alianças estabelecidas entre as nações sul-americanas. Nesse sentido, destacam-se as declarações da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e do Mercosul contrárias ao processo golpista no Brasil.
 
A reaproximação do Brasil com o Mercosul e a América Latina nos últimos treze anos não ocorreu apenas em termos comerciais, mas também político-ideológicos. Esse contexto nacionalista se estendeu por diversos países latino-americanos, permitindo mitigar a investida imperialista dos Estados Unidos com a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) e novas parcerias comerciais que beneficiariam a economia e as grandes empresas estadunidenses. Com os governos nacionalistas na América Latina (Brasil, Argentina, Bolívia, Uruguai, Chile, Venezuela, Equador, além de Cuba) criaram-se condições para avanços econômicos e sociais em muitos países, ao mesmo tempo em que se intensificaram os fluxos Sul-Sul, capitaneados pelo Brasil – o produto interno bruto (PIB) do Mercosul passou de 1 trilhão de dólares, em 2001, para mais de 3 trilhões de dólares, em 2014.
 
O golpe liberal no Brasil prejudicará o contexto regional com um distanciamento em relação às parcerias, ao comércio e aos financiamentos, como, por exemplo, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em relação às obras da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA). Muitos avanços e conquistas latino-americanas recentes serão perdidos com o refortalecimento de políticas e partidos conservadores e distantes das demandas sociais. É notório que há muitos problemas no Brasil em relação à infraestrutura e distribuição de renda, porém deve-se destacar que conquistas e melhorias ocorreram desde o governo Lula, beneficiando os grupos historicamente marginalizados no país, caso do Bolsa Família, Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Programa Minha Casa, Minha Vida, Luz Para Todos, Água Para Todos e outros.
 
Os setores golpistas do Brasil (elite, setor financeiro, classe-média, igrejas, mídia, partidos conservadores, Organizações Não-Governamentais – ONGs etc.) pretendem acabar com diversos programas sociais, controlar sistematicamente os gastos públicos, manter os juros elevados e combater a inflação estrangulando o emprego e a renda. Como consequência, aumentará o desemprego e a desigualdade internamente, intensificando, portanto, a recessão econômica do Brasil.
 
O impeachment golpista assegura os interesses financeiros e de uma elite descontente com a distribuição de renda no país, assim, arquitetou-se um processo antidemocrático para retirar a legítima Presidenta Dilma Rousseff do poder. Ademais, destacam-se também as ações autoritárias e coercitivas do Ministério Público, da Polícia Federal e de grande parte do poder judiciário, caso, por exemplo, das condutas de coerção realizadas com o ex-Presidente Lula e o ex-Ministro da Fazenda Guido Mantega.
 
A Operação Lava Jato e todo o processo golpista em curso possuem um objetivo em comum: impedir a candidatura de Lula nas eleições de 2018. A defesa da soberania nacional significa avançar nas políticas sociais e econômicas adequadas e estabelecer um projeto de desenvolvimento nacional, que passa necessariamente pela recuperação da indústria brasileira e pelas obras de infraestrutura (saneamento básico, energia, água, moradias, escolas, hospitais, mobilidade urbana, rodovias, ferrovias, portos, aeroportos etc.), permitindo avanços em relação à distribuição de renda no país.
 
A bancada “BBB” (boi, bala e bíblia) é um “câncer” na política brasileira, visto que defendem interesses elitistas e arcaicos, prejudicando o desenvolvimento nacional. O conservadorismo predominante no legislativo brasileiro, além de não valorizar as demandas sociais como moradias e empregos, limita o próprio regime democrático, atendendo interesses principalmente da União Democrática Ruralista (UDR), da Igreja Católica e das Igrejas Evangélicas (que historicamente se caracterizam pela concentração da terra e pela especulação financeira).
 
Dessa maneira, posicionar-se contra o impeachment golpista no Brasil significa mais do que defender os interesses nacionais, pois estão “em jogo” também a América Latina e o terceiro mundo. Isso representa uma luta política anti-imperialista e que valoriza as demandas comuns dos países periféricos.
 
Nelson Fernandes Felipe Junior
Universidade Federal de Sergipe – UFS
Campus de São Cristóvão
Docente do Departamento de Geografia

Eventual governo Temer não pacificará nem retomará crescimento

05/05/2016 13:00

Rodeado por indiciados e delatados, de popularidade medíocre e com propostas impopulares, eventual governo de Temer não conseguirá pacificar o país nem retomar crescimento. Expectativa é que militantes pró-impeachment migrem para movimento Fora Temer e paralisem o país.

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Brasília – Para oficializar a cartada final para a admissibilidade do processo de impeachment da titular da cadeira de presidente do Brasil, o vice, Michel Temer (PMDB), reuniu sob a batuta do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), 85% de deputados indiciados, delatados ou réus. Para formar este time, Temer prometeu ministérios e cargos de alto escalão em empresas públicas aos parlamentares do “bonde do impeachment”.

A construção política do processo de impedimento de Dilma se deu com base na estratégia de paralisação de seu governo, ao passo que deputados aliados de Temer trabalharam, com dedicação exclusiva, nos últimos 18 meses, para obstruir pautas que pudessem facilitar o caminho para a retomada do crescimento, via Câmara dos Deputados. Enquanto isso, formulava as propostas que viriam a compor a “Ponte para o Futuro”.

Uma ponte para a união dos protestos

Como parte da estratégia para tomar o poder, o PMDB lançou, em outubro de 2015, o programa “Uma Ponte Para o Futuro”, onde acenava para o capital estrangeiro e especulativo, além dos grandes conglomerados econômicos. Deixava claro para estes setores qual seria o retorno caso apoiassem o processo de impeachment. No Brasil, prontamente, Fiesp e similares, câmaras de dirigentes lojistas e associações comerciais, lojas maçônicas e grupos patronais abraçaram o projeto e passaram a investir nele.

Em recentes declarações, sob o efeito do “já ganhou”, Temer tem deixado clara sua intenção de flexibilizar a legislação trabalhista e desvincular receitas da União para saúde e educação. Com isso, o vice mostra aos empresários que está disposto a facilitar a terceirização e reduzir direitos dos trabalhadores, além de sinalizar aos planos de saúde e universidades privadas que reduzirá significativamente o investimento em saúde e educação públicas. Ao capital estrangeiro, a piscadela comporta as privatizações.

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Carta Aberta ao Conselho Nacional de Justiça – AGB/Nacional

22/03/2016 13:00

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Os coletivos, associações científicas e profissionais sem fins corporativos e movimentos sociais nacionais abaixo assinados, vêm a público manifestar repúdio às ilegalidades cometidas em nome do combate à corrupção por instituições e agentes estatais que afrontam ao Estado Democrático de Direito e aos Direitos Fundamentais conquistados na Constituição da República de 1988. As ações de combate à corrupção, em especial àquelas no âmbito da operação “Lava Jato”, vêm sendo difundidas seletivamente pelos grandes grupos de imprensa e se realizam em detrimento de direitos e garantias fundamentais presentes na Constituição brasileira. O que vem se observando nos últimos meses é uma enorme parcialidade do processo investigativo atingindo seletivamente apenas uma parcela das pessoas investigadas. Esse fato demonstra o uso político da operação que é constatado nos diversos episódios midiáticos de execuções de mandados, ordens de prisão e condução coercitiva, como ficou evidenciado na condução do ex-presidente Lula, ainda que inexistentes as situações previstas no Artigo 206 do Código Processual Penal. Além disso, o vazamento seletivo e antecipado de informações a determinados grupos de imprensa fere o direito de defesa dos envolvidos e retira a possibilidade da sociedade brasileira em saber a verdade dos fatos.
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