A Natureza e a Geografia: o olhar de João José Bigarella
Fonte: BIGARELLA, J.J. Natureza e a geografia: o olhar de João José BigarelLa. Revista Geosul, v.29, ESPECIAL, 2014.
Gostaria de falar um pouco de quando eu me formei em 1943 na faculdade de filosofia na universidade, quando não havia pesquisa. Porém, naquela época, em janeiro de 1944 fui nomeado, pelo interventor Manoel Ribas, como assistente voluntário do museu paranaense e, a partir daí, quando eles faziam excursão, principalmente ao litoral, foi onde eu compareci, vendo como os pesquisadores da Universidade de São Paulo, do Rio de Janeiro e de outros lugares trabalhavam. Naturalmente fiquei atraído, embora estivessem pesquisando sobre ecologia, ou sobre botânica, me deram a chance de me aproximar da linha da geologia, e como proceder nos trabalhos de campo.
Eu, na época da II Guerra Mundial, estava fazendo o curso superior, passei a adorar a topografia, que é uma topografia diferente daquelas da faculdade e engenharia. Ali a gente conseguia fazer levantamentos expeditos, que são fabulosos, em que se usa uma bússola e um passômetro e se estabelece, mede o passo médio no plano, na subida e na descida. Tem que introduzir o fator de correção, e com isso a gente faz uma série de encaminhamentos, principalmente quando fazia pesquisa de matéria-prima para a indústria do cimento e também procurando matéria-prima para cerâmica.
Com um mapa expedido, surgiram as primeiras fotografias aéreas, fixava uma fotografia numa prancheta e, sobre isso, colocava-se um plástico duro que se chamava "astralão" e, em cima disso, a gente desenhava o itinerário onde estavam os rios e os caminhos, andando a pé sempre, nada de fazer, como muitas vezes, faz-se de carro. A distância e na velocidade do carro se diz: “Olha lá aquilo” e "boom" já viu a coisa errada. Então tem que fazer com cuidado, principalmente o trabalho de campo.