Publicação de trabalhos sobre os rumos do desenvolvimento no capitalismo contemporâneo

16/12/2025 16:58

Publicamos hoje o trabalho intitulado "Estratégias de desenvolvimento no capitalismo contemporâneo: uma análise crítica das três frentes de expansão, da economia do projetamento e das experiências comparadas a partir das notas de aula", dividido em duas partes, escrito pelo Prof. Dr. Márcio Rogério Silveira (UFSC).

Os trabalhos estão estruturados a partir de notas de aula desenvolvidas para a disciplina de pós-graduação intitulada "Planejamento, desenvolvimento e competitividade territorial: transportes, logística e seus impactos no mundo e no Brasil", ministrada no segundo semestre de 2025 no Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFSC. As duas partes do artigo apresentam uma análise crítica das principais estratégias de desenvolvimento econômico no cenário do capitalismo contemporâneo. O autor integra o pensamento estruturalista latino-americano – com foco nas "três frentes de expansão" de Ricardo Bielschowsky (consumo de massa, recursos naturais e infraestrutura) – às formulações de Ignácio Rangel sobre a "economia do projetamento". O trabalho discute a importância do planejamento estatal e da coordenação de investimentos como motores para superar o neoliberalismo, utilizando especialmente a experiência chinesa e a socialização do investimento como contraponto às teorias convencionais. A análise destaca que o desenvolvimento real exige transformações estruturais deliberadas, inovação tecnológica e o fortalecimento de encadeamentos produtivos sob a liderança do Estado.

Confira os novos números – v. 6, n. 5 e n. 6 – e os demais Textos para Discussão clicando neste link.

Publicação de artigo – Segregação espacial como produto histórico: o caso de Joinville e Araquari (SC)

08/12/2025 12:03

SEGREGAÇÃO ESPACIAL COMO PRODUTO HISTÓRICO: O CASO DE JOINVILLE E ARAQUARI (SC)

Autores: German Gregório Monterrosa Ayala Filho e Márcio Rogério Silveira

Resumo: A segregação espacial reflete desigualdades de acesso à habitação, ao consumo e ao transporte urbano, acumuladas historicamente. Nos municípios de Joinville e Araquari, em Santa Catarina, essa segregação se manifesta de forma persistente. O estudo investiga a origem desse processo entre as duas cidades, analisando fatores como rendimentos familiares, infraestrutura habitacional, comercial, de educação, saúde e transporte urbano. A pesquisa utiliza um estudo de caso qualitativo e busca conectar diferentes aspectos sociais e econômicos para compreender a segregação. Conclui-se que o processo de segregação espacial entre Joinville e Araquari começou na década de 1940 e foi se consolidando até 2020. Historicamente, as camadas de alta renda residem nas áreas centrais de Joinville, enquanto as populações de baixa renda se concentram em Araquari e arredores, perpetuando as disparidades espaciais entre esses municípios.

Publicado na Revista da ANPEGE, v. 21, n. 45, p. revista Ciência Geográfica da AGB Seção Local Bauru: Ciência Geográfica, Bauru, v. 29, n. 2, p. 838-866, jan./dez. 2025.

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Pesquisador do LabCit participa de matéria sobre mobilidade urbana e ciclovias em São Luís (MA)

10/11/2025 13:10

A nova pesquisa de Informações Básicas Municipais do IBGE revelou uma grave deficiência na infraestrutura cicloviária do Maranhão, acentuando a insegurança viária enfrentada pelos ciclistas. O estudo demonstra que apenas 10 municípios do estado possuem ciclovias e somente três contam com bicicletários públicos. Este cenário de escassez é reforçado por relatos de quem depende da bicicleta em São Luís, onde o trânsito é classificado como "muito violento", expondo os usuários a riscos e confirmando que a dependência da bicicleta como meio de locomoção é dificultada pela carência de políticas públicas eficazes em todo o estado.

Na capital maranhense, a situação é particularmente crítica. Apesar de possuir algumas ciclovias e ciclofaixas, a cidade não conta com um Plano Diretor Cicloviário, um documento essencial para planejar a expansão organizada da malha. O geógrafo Juan Siqueira, um dos especialistas consultados no vídeo, destacou que a ausência deste plano tem impactos diretos e profundos sobre a mobilidade urbana, comprometendo a integração modal e a equidade no acesso ao espaço urbano, além de revelar a fragilidade institucional da política cicloviária de São Luís. Juan pontuou que a infraestrutura cicloviária existente é escassa e desconexa, pois os trechos implantados não formam uma rede contínua e, em muitos casos, terminam abruptamente em vias de alto fluxo de veículos sem sinalização adequada. Essa fragmentação espacial gera insegurança viária, inviabilizando deslocamentos interbairros e restringindo o uso da bicicleta a percursos muito curtos. A conclusão geral dos especialistas é que a mobilidade urbana só será completa e equitativa com investimentos urgentes em infraestrutura adequada para os ciclistas.

O que apontam os dados do Censo Demográfico de 2022 sobre a mobilidade urbana e regional no estado de Santa Catarina?

29/10/2025 22:00

Por João Henrique Zoehler Lemos
Doutorando em Geografia, UFSC
Bolsista do UNIEDU/FUMDES

O IBGE divulgou, recentemente, mais um resultado preliminar do Censo Demográfico 2022, dessa vez sobre os “Deslocamentos para trabalho e para estudo”. É uma radiografia da mobilidade urbana e regional a nível nacional. Iniciativa de grande valia para nós, estudiosos da circulação, transportes e logística em contextos tão diversos como os que temos no território brasileiro. O levantamento traz recortes importantes, como a divisão modal – algo inédito, pela primeira vez no Censo –, o tradicional tempo de deslocamento, o local de exercício do trabalho, entre outros [1]. Diante desses dados, estas breves notas terão como recorte territorial para análise o estado de Santa Catarina.

Um dado chama a atenção de antemão: no estado catarinense, o império do automóvel é gritante e atinge a maior proporção do país, com pouco mais de 47% de participação na matriz modal dos deslocamentos entre casa e trabalho em geral – considerando-se o mesmo município, outro município e outro país como local de trabalho (figura 1).

Figura 1 – Santa Catarina: matriz modal do meio de transporte utilizado, em % (2022)

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2022 (IBGE, 2025a).

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Artigo – Desglobalização ou regionalização da globalização? A reorganização territorial do comércio exterior e seus aspectos geoeconômicos e geopolíticos

07/07/2025 16:10

DESGLOBALIZAÇÃO OU REGIONALIZAÇÃO DA GLOBALIZAÇÃO? A REORGANIZAÇÃO TERRITORIAL DO COMÉRCIO EXTERIOR E SEUS ASPECTOS GEOECONÔMICOS E GEOPOLÍTICOS

Autores: Márcio Rogério Silveira, Nelson Fernandes Felipe Junior e Rodrigo Giraldi Cocco

Resumo: O presente artigo objetiva analisar a aplicabilidade do termo “desglobalização” ao contexto dos anos mais recentes, baseando-se nos fluxos de comércio internacional, de investimento externo direto e na evolução das cadeias globais de valor e variáveis correlatas. Os defensores do termo têm argumentado que eventos disruptivos, sejam eles aleatórios ou deliberados, estariam na base de comportamentos reativos da economia, conduzindo a um “refluxo da globalização”. Distintamente, nossa hipótese sustenta que reduções na dinâmica dessas interações espaciais deram lugar, na verdade, a regionalizações das dinâmicas próprias à globalização. Nesse contexto, analisaremos imbricações entre aspectos geoeconômicos e geopolíticos recentes, que apontam para “reações em toda a linha” do imperialismo em direção ao Sul Global e seus arranjos regionais. Mas também, uma alta capacidade de países como a China, em contornar esses eventos e expandir parcerias sob a condução do Estado. Nesse sentido, enceta-se algumas lições para a América Latina.

Publicado na revista Ciência Geográfica da AGB Seção Local Bauru: Ciência Geográfica, Bauru, v. 29, n. 2, p. 838-866, jan./dez. 2025.

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