Ciclo de entrevistas no LabCit

16/07/2024 18:19

Diversas entrevistas vêm sendo realizadas no âmbito das pesquisas desenvolvidas no LabCit. Enquanto aspecto fundamental do trabalho do geógrafo, constituindo-se como elemento do trabalho de campo, fundamental ao conhecimento do mundo, da realidade concreta, as entrevistas são importantes para o contato com agentes que produzem ideias, leis, normas, concepções etc.

No caso dos transportes públicos, tema das entrevistas recentes, o trabalho objetiva conhecer e analisar eventos importantes, produzidos no âmbito do Estado – e suas ações de administração dos serviços de utilidade pública, planejamento territorial dos mesmos etc. – ou de empresas privadas operadoras de sistemas de transporte de passageiros.

Entre as atividades, aponta-se a entrevista com a convidada Lúcia Maria Mendonça, engenheira civil com vasta experiência na área dos transportes públicos. A entrevista foi realizada no dia 10/07. Seu trabalho técnico originou-se no extinto GEIPOT (Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes) [1]. Posteriormente, trabalhou na área do transporte público na Prefeitura Municipal de Florianópolis. Em anos recentes, foi assessora técnica de trânsito, transporte e mobilidade pelo Ministério das Cidades/Denatran, coordenadora geral de captação de recursos do Ministério dos Transportes, coordenadora geral de acompanhamento e avaliação do Ministério dos Transportes, monitora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pelo Ministério dos Transportes, sendo responsável pelas obras da BR-230 (transamazônica) no Pará e gerente do PAC Médias Cidades, Pacto da Mobilidade e PAC Pavimentação no Ministério das Cidades.

O tema da entrevista foi pautado em questões candentes da atual conjuntura do desenvolvimento econômico-social brasileiro e os serviços de utilidade pública, tal como os transportes públicos. Entre os tópicos, cabe destaque à proposta do Sistema Único de Mobilidade (SUM) [2], as políticas municipais de isenção parcial ou total da tarifa (ex.: projetos de "Tarifa Zero") [3] e a trajetória histórica de política pública federal nos transportes coletivos de passageiros.

Todos esses tópicos – e outros tratados na entrevista – são de importante aprofundamento. Os sistemas de transporte público são concebidos aqui enquanto uma atividade econômica enquadrada como serviço de utilidade pública. A despeito de sua relevância para o desenvolvimento e reprodução sociais, seu estado atual configura-se como altamente estrangulado, carente de investimentos em inovações institucionais, técnicas e operacionais; enfim, amplos elementos que também atribuem a tal atividade a capacidade de servir para a criação de novos dinamismos setoriais na economia brasileira e sua produção industrial e de serviços especializados [4]. Para tanto, os estudos geográficos demandam a necessária investigação de sua trajetória histórica de formação e desenvolvimento. Aí reside o papel inadiável do trabalho de campo e, enquanto componente, a realização de entrevistas estruturadas, semiestruturadas ou com livre roteiro. É, portanto, uma atividade de suma importância para o desenvolvimento do conhecimento novo sobre um tema substancial à realidade brasileira e ao progresso científico no âmbito do laboratório.

[1] Página eletrônica remanescente do GEIPOT disponível em: http://geipot.gov.br. Acesso em: 14 jul. 2024.

[2] Sobre o tema, diversas notícias comentam sobre o tema. A exemplo, no Brasil de Fato, Sistema Único de Transporte é possível no Brasil? disponível em: https://www.brasildefatopr.com.br/2023/09/29/sistema-unico-de-transporte-e-possivel-no-brasil. Acesso em 14 jul. 2024. Ainda, capitaneando o tema no país, o Deputado Federal por São Paulo, Jilmar Tatto (PT) comenta sobre o assunto em Tarifa zero: Jilmar Tatto defende sistema único de mobilidade em todo o país, disponível em https://ptnacamara.org.br/tarifa-zero-jilmar-tatto-defende-sistema-unico-de-mobilidade-em-todo-o-pais. Acesso em 14 jul. 2024.

[3] País chega a 84 cidades com passe livre pleno no transporte coletivo (disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-10/pais-chega-84-cidades-com-passe-livre-pleno-no-transporte-coletivo. Acesso em 14 jul. 2024).

[4] A tese de doutorado do Prof. Dr. Rodrigo Giraldi Cocco (UFSC) tratou precisamente deste tema, estando disponível em nossa página no portal Academia.edu (link) e no Repositório Institucional da UFSC (link). Por fim, central para o tema e base para a compreensão no Brasil, o trabalho – entre dezenas – do economista Ignacio Rangel intitulado  Recursos ociosos e ciclo econômico: alternativas para a crise brasileira é de suma importância, acessível neste link.

Chamada para dossiê – Circulação, transportes e logística: escalas e temas

10/07/2024 12:30

FORMULÁRIO DE SUBMISSÃO

Na realidade brasileira, chegamos à terceira década do século XXI com uma miríade de desafios postos à comunidade de intelectuais que discutem a dinâmica socioespacial do território nacional. Diante do verdadeiro mosaico de realidades urbano-regionais que compõem a concretude da formação socioespacial nacional, são várias as problemáticas que merecem um aprofundado debate teórico e temático. O tema do desenvolvimento regional – sem, obviamente, ter a escala nacional perdida de vista – é um dos assuntos que, apesar de relegado ao ostracismo nos últimos anos, carece de revisitas em meio à captura do Estado nacional por políticas neoliberais que reproduzem no país os desejos do imperialismo, pondo em xeque a sua soberania e os avanços sociais e técnicos avistados no país durante o primeiro decênio deste século.

Os estudos geográficos sobre circulação, transportes e logística compõem o interesse de nossa disciplina desde os clássicos. Basta recuperarmos as contribuições pioneiras de P. Vidal de La Blache, F. Ratzel, A. Hettner, C. Vallaux, J. Brunhes, M. Derruau, R. Hartshorne, E. Ullman, M. Wolkowitsch etc., bem como M. Silva, M. do Carmo Galvão, Golbery do Couto e Silva, M. Travassos etc. E nesse âmbito, a elucidação da dinâmica social envolve o amplo tema da circulação e dos transportes, preocupações variavelmente manifestadas nos referidos autores. Isso porque o ato de transportar, enquanto aspecto articulado às esferas da produção, envolve transformar, trabalhar sobre o meio herdado das gerações precedentes, criar o novo. Logo, enquanto tema de amplo interesse de nossa disciplina, em razão de ser um ato transformador na superfície terrestre, os transportes demandam uma análise de horizonte também totalizador, abrangente, tal como a economia política articulada à proposta de uma ciência geográfica renovada oferece.

A Geografia é uma disciplina fundamental para o planejamento territorial, este enquanto fator-chave ao desenvolvimento urbano e regional. A acessibilidade aos centros urbanos, a centros de produção, portos, aeroportos, terminais de transporte etc. é essencial para atrair investimentos e fomentar o crescimento econômico. Uma infraestrutura de transporte eficaz, como rodovias, ferrovias e portos, pode abrir novas oportunidades para regiões remotas, reduzindo desigualdades econômicas. Para os grupos econômicos industriais e comerciais, a eficiência na distribuição de produtos e insumos é crucial. Isso contribui para a competitividade, permitindo a circulação rápida e econômica de bens, elemento importante em cadeias produtivas, onde a localização estratégica e o acesso aos principais modos de transporte podem fazer a diferença. Nessa perspectiva, a adoção de estratégias logísticas eficazes depende da compreensão da circulação, dos transportes e da logística, a qual contribui para constantes reorganizações territoriais. No contexto da mobilidade urbana, o planejamento de sistemas de transporte público eficazes, a gestão do tráfego e o acesso a soluções de mobilidade estão todos interligados com a configuração das redes de transporte em áreas urbanas. A falta de planejamento adequado pode resultar em diversos impactos para a sociedade. Os sistemas de transporte, sejam eles nos diferentes modais, isto é, rodoviário, ferroviário, marítimo ou aéreo, têm um impacto direto no transporte de cargas e pessoas. A infraestrutura de transporte e a capacidade instalada de integração do território influenciam a capacidade de movimentação de mercadorias e o acesso das pessoas a empregos, educação e serviços. Isso, por sua vez, tem implicações para as condições de desenvolvimento econômico e social, ao acesso às oportunidades e, enfim, à qualidade de vida.

Convidamos então pesquisadores, professores e profissionais, ligados a estudos e pesquisas sobre a circulação, os transportes e a logística, da Geografia e outras disciplinas, a contribuir com seus trabalhos para o nosso dossiê temático. Este dossiê visa explorar revisões teóricas e temáticas, estudos de caso, questões críticas e atuais, temas inovadores e outros, todos relacionados ao movimento de pessoas, mercadorias e informações no contexto atual.

Abaixo, temos alguns dos temas e tópicos de interesse para o dossiê.

Tópicos de interesse incluem:
Competitividade territorial e estratégias logísticas
Transporte de cargas (aéreo, rodoviário, ferroviário, hidroviário)
Transportes de pessoas (aéreo, rodoviário, ferroviário, hidroviário)
Mobilidade e acessibilidade em espaços urbanos e regionais
Infraestruturas de transportes
Planejamento, estratégias e gestão de transportes
Geopolítica e geoeconomia dos transportes
Sistemas de armazenamento e localização geográfica (Eads, portos secos, centros de distribuição e outros)
Inovações em transportes, logística e armazenamento
Normatizações e tributações nos setores de transportes, armazenamento e logística e seus impactos territoriais
Transportes, armazenamento e logística do setor mineral e agroindustrial
Transportes, armazenamento e logística internacional
Transportes, armazenamento e logística dos marketplaces

A chamada contempla artigos escritos em PORTUGUÊS, ESPANHOL, INGLÊS ou FRANCÊS

Estas são as principais datas:

Datas importantes
Prazo para Submissões: até 15 de novembro de 2024
Avaliação do comitê científico: até 30 de novembro de 2024
Prazo para revisão e submissão da versão final: a definir
A publicação será realizada em 1º de março de 2025

TEMPLATE PARA SUBMISSÃO (CLIQUE PARA BAIXAR)

FORMULÁRIO DE SUBMISSÃO

E-mail para contato:

Artigo sobre o setor portuário da região Nordeste do Brasil

19/06/2024 08:00

Publicação do trabalho intitulado "O setor portuário da região Nordeste: algumas considerações sobre a sua dinâmica recente" escrito por Nelson Fernandes Felipe Junior (UNILA) e Ronald dos Santos Pereira (UFS).
Resumo: O presente artigo tem como objetivo principal analisar a dinâmica recente do setor portuário da região Nordeste, com destaque aos fluxos de cargas e às modernizações. Os complexos portuários são relevantes para a atividade produtiva, estimulam os serviços e o comércio e suprem parte das demandas econômicas e sociais internas e externas. Entretanto, o setor portuário nordestino apresenta pontos de estrangulamento e necessita de uma modernização mais ampla. O fomento dos portos, dos terminais privados e do transporte marítimo depende do planejamento estatal setorial, dos investimentos públicos e privados, da incorporação tecnológica, das estratégias logísticas, de um sistema normativo e tributário adequado, entre outros. No Nordeste há uma concentração dos fluxos e das modernizações em alguns complexos portuários, como Suape/PE, Pecém/CE, Fortaleza/CE, Itaqui/MA, Ponta da Madeira/MA, Salvador/BA e Aratu/BA, contudo, outros portos e terminais apresentam limitações e um volume de movimentação de cargas reduzido. Em relação aos procedimentos metodológicos adotados na pesquisa e na elaboração do artigo, têm-se: a revisão da bibliografia referente à Geografia Econômica, com proeminência aos portos e ao transporte marítimo; a aquisição de dados e informações em sites, revistas e jornais que tratam da temática; e a elaboração de tabelas e cartogramas.
Confira o novo número – v. 5, n. 5 – e os demais Textos para Discussão clicando neste link.

Publicação de trabalho sobre a renovação urbana no centro de Florianópolis e outros processos espaciais

20/05/2024 09:19

Publicação do trabalho intitulado "Transformações no centro de Florianópolis: investimentos, renovações urbanas e gentrificação" escrito por German Gregório Monterrosa Ayala Filho e Luciana de Mello Battini.

Resumo: As áreas centrais das cidades são frequentemente foco de investimentos e projetos de renovações urbanas, que podem desencadear uma multiplicidade de disputas. A partir disso, processos de gentrificação podem emergir como uma força transformadora, capaz de reconfigurar os centros urbanos, expulsando antigos residentes e comerciantes para dar lugar a: elites econômicas ávidas por espaços renovados; promoção de atividades turísticas; elitização do comércio e; ampliação dos lucros do mercado imobiliário. Nesse contexto, nosso objetivo é mapear e analisar alguns processos espaciais que moldaram o Centro de Florianópolis ao longo das últimas duas décadas, destacando as implicações dessas mudanças. Para isso, adotamos uma metodologia que combina análise documental e trabalho de campo. Os investimentos analisados foram: a renovação da Rua Vidal Ramos, o projeto Viva a Cidade, a renovação do Mercado Público e projetos propostos para a porção Centro-Leste. Concluímos que os recentes investimentos da Prefeitura de Florianópolis estão reconfigurando a composição social do Centro da cidade, contribuindo para processos de higienização social, elitização e gentrificação em Florianópolis. Essas transformações apontam para uma dinâmica que, embora possa incentivar comércio e turismo, também acentua opressões e desigualdades de acesso à cidade.

Confira o novo número – v. 5, n. 4 – e os demais Textos para Discussão clicando neste link.